domingo, 22 de agosto de 2010

São João do Oeste em Foco...

Alguns registros de um curso que ministrei em São João do Oeste sobre fotografia.

Ainda do Dia Mundia da Fotografia

Algumas cenas registradas na noite de São Miguel do Oeste - SC no dia 19 de agosto de 2010.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

19 de agosto - Dia Mundial da Fotografia

Dia 19 de agosto é comemorado como o Dia Mundial da Fotografia. Assim, essa data não podia passar "em branco" pelos apaixonados pela arte fotográfica.
A seguir, contribuições da fotógrafa Ivonete Neumann pelo dia...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Educação em debate

A REPORTAGEM.....

Jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”

As avaliações oficiais para medir o nível do ensino no Brasil têm se prestado bem ao propósito de lançar luz sobre os grandes problemas da educação – mas não fornecem resposta a uma questão básica, que se faz necessária diante da sucessão de resultados tão ruins: por que, afinal, as aulas não funcionam? Muito já se fala disso com base em impressões e teoria, mas só agora o dia a dia de escolas brasileiras começa a ser descortinado por meio de um rigoroso método científico, tal como ocorre em países de melhor ensino. Munidos de cronômetros, os especialistas se plantam no fundo da sala não apenas para observar, mas também para registrar, sistematicamente, como o tempo de aula é despendido. Tais profissionais, em geral das próprias redes de ensino, já percorreram 400 escolas públicas no país, entre Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro. Em Minas, primeiro estado a adotar o método, em 2009, os cronômetros expuseram um fato espantoso: com aulas monótonas baseadas na velha lousa, um terço do tempo se esvai com a indisciplina e a desatenção dos alunos. Equivale a 56 dias inteiros perdidos num só ano letivo.
Já está provado que a investigação contínua sobre o que acontece na sala de aula guarda relação direta com o progresso acadêmico. Ocorre, antes de tudo, porque tal acompanhamento permite mapear as boas práticas, nas quais os professores devem se mirar – e ainda escancara os problemas sob uma ótica bastante realista. Resume a especialista Maria Helena Guimarães: "Monitorar a sala de aula é um avanço, à medida que ajuda a entender, na minúcia, as razões para a ineficácia". Não é de hoje que países da OCDE (organização que reúne os mais ricos) investem nessas incursões à escola. Os americanos chegam a filmar as aulas. O material é até submetido aos professores, que são confrontados com suas falhas e insucessos. Das visitas que fez a escolas nos Estados Unidos, o pedagogo Doug Lemov depreendeu algo que a breve experiência brasileira já sinaliza: "Os professores perdem tempo demais com assuntos irrelevantes e se revelam incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital".
Numa manifestação de flagrante corporativismo, os professores brasileiros chegaram a se insurgir contra a presença dos avaliadores dentro da sala de aula. Em Pernambuco, o sindicato rotulou a prática de "patrulhamento" e "repressão". Note-se que são os próprios professores que preferem passar ao largo daquilo que a experiência – e agora as pesquisas – prova ser crucial: conhecer a fundo a sala de aula. Treinados pelo Banco Mundial, os técnicos já se puseram a colher informações valiosas. Afirma a secretária de educação do Rio de Janeiro, Claudia Costin: "Pode-se dizer que o cruzamento das avaliações oficiais com um panorama tão detalhado da sala de aula revelará nossas fragilidades como nunca antes". Nesse sentido, os cronômetros são um necessário passo para o Brasil deixar a zona do mau ensino


A RESPOSTA.....

Carta escrita por uma professora que trabalha  no Colégio Estadual Mesquita (Paraná), à revista Veja.
RESPOSTA REVISTA VEJA 


            Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS  razões que  geram este panorama desalentador.
            Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas  para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira. Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que  pais de famílias oriundas da pobreza  trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos  em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras. Está na hora dos professores se rebelarem cont ra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.
Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. Estímulos de quê?  De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida. Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e ...disciplina.     
Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos,  há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos,  de ir aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência. Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso. 
Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução),  levam alunos à biblioteca e outros locais educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até à passeios interessantes, planejados,  minuciosamente, como ir ao Beto Carrero. E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom.     Além disso, esses mesmos professores “incapazes” elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração; 
Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 m.de intervalo, onde tem que se escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 h.semanais. E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde? Muito precário.    Há de se pensar, então, que  são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que  esforcem-se em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave. Temos notícias, dia-a-dia,  até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.  
Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite. E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.
Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é  porque há disciplina. E é isso que precisamos e não de cronômetros.  Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se.  
Em vez de cronômetros precisamos de carteiras escolares, livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade. Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade!  E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo.
Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões  (ô, coisa arcaica!), e ainda assim ouve-se falar em cronômetros. Francamente!!!
Passou da hora de todos abrirem os olhos  e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores  até agora  não responderam a todas as acusações de serem despreparados e  “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO. Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas.

Contribuição da colega Tania Patzlaf

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Orgias

   A idéia que se tem das antigas orgias romanas é a do completo abandono aos instintos, um vale-tudo regido pela espontaneidade e só limitado pela saciedade, ou pela imaginação lúbrica de cada um. Os convites diriam "venha como estiver e saia como puder" e tudo que acontecesse entre o primeiro "evoé" e o último arroto seria obra da improvisação e do acaso. Mas é claro que precisava haver um mínimo de premeditação nas bacanais, nem que fosse para assegurar que no momento em que o imperador estalasse os dedos e pedisse "17 escravas núbias e um cabrito!" não criasse correria e embaraços.
       — Essas escravas núbias vêm ou não vêm?
       — Estamos providenciando, estamos providenciando!
       — E o cabrito?
       — Pegamos emprestado da orgia ao lado, mas ele precisa de meia hora para se recuperar!
    Pouca gente sabe que existia, na Roma Antiga, até a profissão de organizador de orgias, ou baccanum, profissional muito valorizado, tanto que é daí que vem a palavra "bacana", mas não digam que fui eu que disse. Os baccanae funcionavam assim como os modernos bufês, que se encarregam de todos os detalhes de uma recepção. Só que as exigências da época, claro, eram um pouco diferentes.
       — Precisamos de 2. 000 pés para a orgia de sábado.
       — Você quer dizer canapés.
       — Não, pés mesmo.
       — Esse Calígula...
   Um bom baccanum sabia organizar uma orgia até os mínimos detalhes e embora não pudesse determinar o comportamento individual dos convidados, entregues aos seus loucos prazeres, fazia o possível para que a festa transcorresse de forma organizada, que nada faltasse e que tudo ocorresse na hora devida. Antes de começar a orgia, um baccanum normalmente reunia sua equipe e o pessoal contratado e dava as últimas instruções.
       — Anões besuntados, deste lado. Por favor, tentem manter a máxima discrição até a hora de entrar no salão. Lembrem-se de que vocês entram depois da briga de camelos. Antes disso houve a guerra de ovos entre os dois lados da mesa, é possível que o chão ainda esteja escorregadio. E só Deus sabe o que os camelos farão no chão durante a briga, portanto, muito cuidado para não escorregar. Na última orgia, um dos anões deslizou diretamente para o colo de Flávia Calpúrnia e foi decapitado antes que pudesse se explicar. Bailarinas, onde estão as bailarinas? Ah, aí estão vocês. Vocês entrarão dentro dos bois assados. Não se preocupem, serão costuradas dentro dos bois depois de assados, salvo alguma última ordem em contrário. No momento em que os bois forem abertos, saiam dançando, e sem cara feia. Alguém, por favor, quer segurar esses camelos? A briga é lá dentro. Obrigado. Escravas núbias: façam o que fizerem, por favor não irritem o cabrito! Vocês têm só 15 minutos para o número, e quando fica irritado o cabrito não consegue se concentrar. Deixa ver. Falta alguma coisa? Garçons, mostrem as mãos. Muito limpas! Quero ver essas mãos sujas. Sujas! Muito bem. Todos a postos e esperem o gongo.
       Quando se diz que o Brasil está parecendo uma orgia, não se está sendo exato. De certa forma isso aqui sempre foi uma orgia, uma simpática convivência de apetites mais ou menos desenfreados, mais ou menos safados. O que mudou é que não parece haver mais a menor coerência no deboche. Os anões besuntados entram e saem à hora que querem, a Flávia Calpúrnia pula no pescoço do cabrito e o arrasta para um canto, e vá tentar conseguir um garçom para trazer o leitão caramelado. Quer dizer, orgia está certo. Mas um mínimo de organização!

Luis Fernando Veríssimo

quarta-feira, 4 de agosto de 2010