quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Leminski

parem
eu confesso
sou poeta
cada manhã que nasce me nasce
uma rosa na face
parem eu confesso
sou poeta só meu amor é meu deus
eu sou o seu profeta

en la lucha de clases
todas las armas son buenas
piedras
moches
poemas

podem ficar com a realidade
esse baixo astral em que tudo entra pelo cano
eu quero viver de verdade
eu fico com o cinema americano

quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta minha adolescência
vou largar da vida louca e terminar minha livre docência
vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito
vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidadesde virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito
então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência

de ouvido
di vi
di do
entre o ver
& o vidro
du vi do

Amor, então, também acaba
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.

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