sexta-feira, 7 de maio de 2010

O país do faz de conta

(05.05.10)

Por Dionísio Birnfeld,
advogado (OAB/RS nº 48.200)

Temos ouvido, diariamente, que a propaganda eleitoral está proibida no Brasil por enquanto. Mas, comicamente, vemos políticos recorrendo a jogos de palavras e fazendo encenações para parecer que não estão fazendo propaganda.

O presidente faz piada sobre não poder apoiar abertamente aquela que até uma criança sabe que será a sua candidata; e notórios candidatos são sabatinados e entrevistados pela imprensa como se ninguém soubesse por que estão ali na telinha da tevê.

Mas, afinal, porque isso ocorre se todos nós sabemos que eles - os políticos - estão na mídia exatamente porque defendem ideias, programas e interesses públicos e, porque possuem, obviamente, candidatos de sua preferência que a população “está careca de saber” quem são?

Nesse período, os evidentes candidatos fingem que não vão concorrer e evitam determinados temas, limitando nossa possibilidade de conhecê-los melhor desde logo. Por outro lado, está na cara que todo mundo está com a campanha na rua, mas a punição aos infratores é rara. Acabamos não fazendo nada certo: nem temos a exposição ampla das idéias de quem quer nos governar, nem cumprimos à risca a regra restritiva.

Ou seja, o Brasil é um teatro no qual os políticos são os atores e o povo serve de plateia.
Afinal, a quem interessa não deixar que os candidatos se apresentem de uma vez por todas, às claras?

Por que não permitir que tenhamos o maior acesso possível à informação e desde já debatamos plataformas políticas?

Neste país do faz de conta, fingimos que a população precisa ser tutelada em tudo, como se não pudesse fazer suas próprias escolhas e formar livremente a sua opinião. Non sense total fantasiar que só a partir de uma determinada data o povo estará preparado para ouvir a verdade.

Permitam-nos ouvir o que querem nos dizer! Deixem-nos pensar com nossas próprias cabeças! Chega de tanto regramento, de tanta intromissão!

OK! Faz de conta que eu não quis dizer isso...

Achei muito interessante esse texto e compartilho da opinião do autor.

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